Francisco Secundo Neto

Neste 1º de Maio de 2017, diante dessas Reformas Trabalhista e da Previdência no Brasil temeroso de hoje, é preciso ter em mente que tais propostas de um governo ilegítimo são, na verdade, oriundas e colocadas para frente por e para uma classe dominante e seus competentes auxiliares que aí estão para convencer a todos e todas, com muitas pesquisas e propagandas, como essas reformas são indispensáveis e urgentemente urgentes. Como afirmou Darcy Ribeiro (1986), desde os inícios de formação desse país, essa velha classe dominante tem sido e continua sendo promotora de uma prosperidade restrita e de um progresso contido ideal para o modelo de sociedade que buscam na satisfação de seus interesses. Então, lembro aqui um trecho da obra “Sobre o Óbvio” de Darcy Ribeiro:

Não há como negar um fato ululantemente óbvio: a nossa velha classe dominante tem sido altamente capaz na formulação e na execução do projeto de sociedade que melhor corresponde a seus interesses. Só que este projeto  para ser implantado e mantido precisa de um povo faminto, xucro e feio. Nunca se viu, em outra parte, ricos tão capacitados para gerar e desfrutar riquezas, e para subjugar o povo faminto no trabalho, como os nossos senhores empresários, doutores e comandantes. Quase sempre cordiais uns para com os outros, sempre duros e implacáveis para com os subalternos, e insaciáveis na apropriação dos frutos do trabalho alheio. Eles tramam e retramam, há séculos, a malha estreita dentro da qual cresce, deformado, o povo brasileiro. Deformado e constringido e atrasado. E, assim, é, sabemos agora, porque só assim a velha classe pode manter, sem sobressaltos, este tipo de prosperidade de que ele desfruta, uma prosperidade jamais generalizável aos que produzem com seu trabalho, mas uma prosperidade sempre suficiente para reproduzir, geração após geração, a riqueza, a distinção e a beleza de nossos ricos, suas mulheres e filhos. (p. 19)

RIBEIRO, Darcy. Sobre o Óbvio. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1986.